Desconstruindo um mito.

7 de julho de 2014

Giordano Bruno queimado vivo pela Inquisição Romana.


 


O filósofo e frei Giordano Bruno nasceu em 1548 na cidade de Nola (Itália). Durante 10 anos viveu no convento, em 1575 doutorou-se em teologia, foi professor em Oxford. Mas sua carreira dura pouco, pois entra em confronto com a doutrina dominante entre os demais professores.

Desde cedo ele se impressionou com as obras de Copérnico, Nicolau de Cusa e Lúlio, estas leituras o afastaram paulatinamente da ortodoxia católica.
Tinha a ideia de um Universo infinito e ilimitado, com mundos pluramente habitados, o que desbanca a centralidade e a imobilidade da Terra, e sua exclusividade como sede do homem no universo.
A cosmologia de sua época (Idade Média) era derivada do sistema de mundo aristotélico-ptolomaico, adequado ao dogma cristão da centralidade e da imobilidade do mundo (Geocentrismo).
Bruno sofreu muitas perseguições devido ao que acreditava, e de alguma forma, confrontavam aos dogmas religiosos, como se pode observar abaixo. Bruno foi acusado de ensinar em público:

         ·                 A existência de infinitos mundos.
         ·                 Não acreditava na virgindade de Maria e nem em sua transubstanciação.
         ·                 Moisés fez seus milagres através de magias e que o mesmo havia inventado os mandamentos.
         ·                 A sagrada escritura são fantasias.
         ·           Somente os hebreus tinham sua origem de Adão e Eva, os outros, Deus havia criado um dia antes.
         ·                   Cristo não é Deus, mas um mago que enganou a todos, e que por esta razão foi enforcado e não crucificado.
         ·                  Os profetas e apóstolos foram homens comuns, magos e que muitos deles também foram enforcados.

Em 1592 Bruno foi denunciado por Zuane Mocenigo ao Inquisidor de Veneza, Padre Giovan Saluzzo. Este delator hospedou Bruno em sua casa com intuito de aprender sobre teologia, mas não compactuando com as ideias de Bruno, Moncenigo resolve entregá-lo a inquisição. Na carta ao Padre, Mocenigo escreve que Bruno acreditava em:

          ·                    O Mundo é eterno, e que são infinitos.
          ·                    Não existe punição para os pecados.

          ·                    A fé católica é cheia de todas as blasfêmias contra a majestade de Deus.
          ·                    Nenhuma religião era boa e falava mal de Lutero Calvino e de qualquer outra seita.
          ·                    Os padres emporcalham o mundo.
          ·                    Não existia a trindade em Deus, e que era uma grande ignorância e blasfêmia dizer que Deus era três e um, e isso era loucura.
          ·                    E não fazer aos outros aquilo que não gostaríamos que fosse feito a nós mesmos é suficiente para o bem vive.


 “Quando desconfiei que queria partir da minha casa em que estava hospedado, o tranquei em um quarto, e, como acredito que está endemoniado, peço-lhe que seja dada uma solução rápida para seu caso.” (Zuane Mocenigo)

No dia 9 de fevereiro de 1600 Bruno foi introduzido na sala da Inquisição e ali de joelhos escutou sua sentença. Bruno foi transferido pelo guarda do governador para o cárcere nas celas do Santo Ofício e ali ficou por 8 dias, para retratar de seus “erros”, mas em vão.
Bruno foi conduzido para um amontoado de lenha desnudo e amarrado a um poste; próximo à morte, foi-lhe mostrada uma imagem de Jesus crucificado, a qual foi rejeitada com vulto desdenhoso e, portanto, morreu queimado como um herege em 17 de fevereiro de 1600 no Campo das Flores, Roma, Itália, após 8 anos de cárcere.

“Os autos-de-fé cessaram, mas a tortura, a condenação do diverso continua atuando em muitas partes do mundo e, o que é pior, em nome de um Deus da caridade e da justiça...” (Marcos Neves)

Admiro a coragem de Giordano Bruno, mesmo sob pressão, não deixou se intimidar e morreu por aquilo que acreditava.

Clique aqui e leia a carta de Gaspare Schopp, testemunho da execução de Giordano Bruno. 
Foi provavelmente graças a essa carta que Johannes Kepler (1571 - 1632), o grande astrônomo que descobriria a elipticidade das órbitas planetárias, soube da morte de Bruno. Kepler conhecia parte da obra bruniana quando o filósofo de Nola havia residido em Praga por volta de 1585.

Referência bibliográfica.

NEVES, Marcos Cesar Danhoni. Do infinito, do mínimo e da inquisição em giordado bruno. Ilhéus-BA: UESC, 2004. 203p.



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